24 março 2010

O Medo e o BDSM.

O medo é uma constante entre os curiosos e iniciantes que iniciam e queiram iniciar no BDSM.

Já ouvi frase como “tenho medo, acho que não nasci para isso”, ou “tenho medo, não sei o que pode acontecer”, ou ainda, “tenho medo de me entregar a um maluco desses”…

É preciso, antes de tudo, saber o que é o medo, porque ele surge?

O Medo é mais que um sentimento, é um instinto ancestral que acompanha a raça humana desde os homens das cavernas, talvez seja anterior a isso, deve ter estado presente nos primatas que nos antecederam.

Mas o medo não é ruim, provavelmente foi o medo que nos fez evoluir, foi o medo que fez com que os macacos descessem das árvores e procurassem abrigo nas cavernas, foi o medo que fez com que os primeiros homens criassem armas para se defender de feras maiores e se defender da fome, tornando as caçadas mais efetivas.

Foi o medo que fez o homem deixar seu individualismo e criassem as primeiras comunidades, para se defender melhor.

Foi o medo da fome que fez com que os homens começassem a domesticar animais e cultivar alimentos, o que fez com que os homens se fixassem e daí se iniciou a sociedade que evolui até o estágio atual.

Mas o medo não é sempre bom, é o medo que inicia a maior parte da guerra, é o medo que cria bombas nucleares, é o medo que faz com que nos tranquemos em casa ao invés de trancarmos os bandidos, é o medo que permite que o mal prevaleça.

O medo é incutido desde cedo, como uma forma de controle dos pais, “Não faça isso se não o homem do saco te pega”, não vai na rua que vai ser atropelada, não, não, não, não…

O medo é o não de nossa vida. Não tenha prazer, pois se ficar sem ele você sofrerá (e sofra por antecipação). Não confie que não será decepcionada, Não ame e não sofrerá por amor.

Não viva, e você não morrerá…

O medo é um mecanismo importante no ser humano, é um alerta, quando aparece devemos prestar atenção, mas não podemos deixar de viver por ele, não podemos deixar de ser felizes por ele.

Mas o medo da submissa de se entregar a alguém que controle a sua vida, que controle sua vontade, que controle seu corpo, não é um medo justificado? E se o Dominador, Mestre for um maluco sem limites?

Nunca disse que o medo não é justificado, nem disse que uma submissa não deve ter medo.

O mundo baunilha tem seus problemas e seus medos, mas é uma zona de conforto, uma zona conhecida, com riscos pequenos.

A pergunta é: essa zona de conforto te satisfaz? Você é feliz dentro dela? Se a resposta for sim, esqueça o BDSM, arrume um namorado/marido/amante baunilha e peça para que ele te de uns tapas fortes na bunda na hora do sexo, e que te chame de vadia, de puta de vagabunda e seja feliz…

Se isso não te satisfaz, você precisa sair da zona de conforto, mas não esqueça seu medo, use-o…

Existe sim, o risco de cair nas mãos de um maluco, mas esse risco também existe no mundo baunilha, a maioria dos seqüestradores, serial killers, malandros que dão golpes em mulheres apaixonadas não são do mundo BDSM, são baunilhas.

Se um Dom não cumpre o acordo negociado, não respeita seus limites, agiria da mesma forma no mundo baunilha, pois lá também existe um acordo de limites, só que esse acordo não é negociado, é um “contrato de adesão” com regras e limites estabelecidos por lei e pela sociedade.

No BDSM ou no mundo Baunilha a regra a ser seguida é a mesma: Conheça as pessoas com quem se relaciona, e não falo em conhecer fisicamente, em ver fotos, cam, etc., isso não é conhecer (novamente a maioria dos seriais killers tem aparência agradável, são simpáticos ou não conseguiriam envolver suas vítimas).

Falo em conhecer intimamente, converse, faça uma avaliação e seja avaliada.

Mas acima de tudo conheça uma pessoa fundamental em sua entrega a um Dono, conheça você mesma, conheça seus limites e a falta deles, conheça seus desejos, conheça seus medos.

Somente se conhecendo você terá capacidade de reconhecer a compatibilidade entre você e seu futuro Dono, e se entregar, com medo sim, mas com coragem.

Coragem não é a ausência de medos, coragem é a força de reconhecer seus medos e seguir em frente, a ausência de medo é maluquice.

E por fim permita-se ser feliz, apesar do medo !

Um comentário:

  1. meu Dono,
    como o Senhor bem sabe, no início sentia muito medo... medo de me entregar, medo de amar, medo da dor... e sim, o medo sempre nos acompanha.
    no entanto, sendo conduzida pelo Senhor eu sigo em frente! me conheço muito mais, tenho superado muitos medos e me superado! embora saiba que ainda tenho muito a aprender...
    mas como confio em Sua sensibilidade de perceber meus limites me coloquei em Suas mãos para que pudesse me moldar.
    lambidinhas carinhosas de sua cadelinha submissa.
    {jhessy}SANTIAGO

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